Tese: “GESTÃO EM REDE: TECNOLOGIA LIVRE PARA FORTALECER A DEMOCRACIA INTERNA E A SUSTENTABILIDADE PARTIDÁRIA”

TESE POLÍTICA: “GESTÃO EM REDE: TECNOLOGIA LIVRE PARA FORTALECER A DEMOCRACIA INTERNA E A SUSTENTABILIDADE PARTIDÁRIA”

Apresentada por Aulus Teixeira e Antonio Terceiro, Filiados à Rede Sustentabilidade – Bahia

INTRODUÇÃO: UM PARTIDO CONECTADO COM O FUTURO

A Rede Sustentabilidade nasceu para ser um espaço de inovação política, comprometido com a democracia participativa, a transparência e a sustentabilidade em todas as suas dimensões. Hoje, propomos um salto estratégico: a adoção do Sistema Gestão em REDE, uma plataforma de código aberto que materializa nossos princípios estatutários e potencializa nossa capacidade de organizar, mobilizar e transformar.

Esta tese demonstra como a tecnologia não é um fim em si mesma, mas uma ferramenta para fortalecer nossa governança interna, ampliar a participação cidadã e consolidar a Rede como referência em inovação política alinhada aos Pilares da Sustentabilidade.

PARTE 1: A VISÃO PARA TODOS OS FILIADOS

1. GESTÃO EM REDE E OS PRINCÍPIOS DA REDE SUSTENTABILIDADE

Alinhamento ao Estatuto da Rede

O Sistema Gestão em REDE é a expressão tecnológica do Artigo 3º do nosso Estatuto, que defende a democracia participativa, a descentralização e a transparência.

• Exemplo Prático:
• • Pluralidade Política: O módulo Gestão Multinível permite que instâncias municipais e estaduais tenham autonomia operacional, respeitando as diversidades regionais, enquanto a Nacional monitora o alinhamento estratégico.
  • Transparência Radical: Relatórios financeiros e decisões internas são publicados em um Portal de Dados Abertos, garantindo que toda a militância acompanhe o uso de recursos.

Conexão com os Pilares da Sustentabilidade

1. Sustentabilidade Política:
2. • Democracia em Tempo Real: Enquetes e consultas via módulo Pesquisas permitem que filiados opinem sobre diretrizes partidárias, fortalecendo o Artigo 5º (participação popular).
   • Cenário: Uma consulta digital decide prioridades para a campanha eleitoral, com votação aberta a todos os filiados.
3. Sustentabilidade Econômica:
4. • E-commerce Ético: Venda de produtos sustentáveis (ex: camisetas de algodão orgânico) financia atividades sem dependência de doações obscuras.
   • Exemplo: Cada R$ 50 arrecadado na loja virtual é automaticamente dividido entre Nacional (30%), Estadual (40%) e Municipal (30%), conforme regras pré-definidas.
5. Sustentabilidade Social:
6. • Formação Política Inclusiva: Cursos EAD gratuitos sobre temas como “Democracia, Direitos Sociais, Liderança, Gestão” capacitam lideranças comunitárias, ampliando nossa base de ativistas.
   • Cenário: Uma jovem de Salvador torna-se multiplicadora de conhecimentos após concluir o curso “Feminismo e Sustentabilidade”.
7. Sustentabilidade Ambiental:
8. • Redução de Papel: Digitalização de processos (ex: fichas de filiação) reduz resíduos e custos.
   • Exemplo: Reuniões virtuais via Jitsi em Servidor Próprio eliminam deslocamentos desnecessários, cortando emissões de carbono.

2. POR UMA SUSTENTABILIDADE TECNOLÓGICA

No mundo atual toda organização precisa lançar mão de ferramentas da tecnologia da informação para o seu funcionamento. Desde o uso de aplicativos de mensagens para comunicação entre os filiados e com a sociedade, passando por sistemas de gestão, aplicações para confecção de documentos, análise de dados, e muitos outros.

A tendência atual no uso de tecnologia aponta para uma concentração cada vez maior em algumas poucas corporações multinacionais. Google, Apple, Amazon, Meta e Microsoft determinam quais ferramentas estão disponíveis, e quais dos seus usos são possíveis à sociedade, e ao mesmo tempo extraem uma quantidade incomensurável de informações pessoais de todos nós para alimentar seus modelos de negócio baseados na venda desses dados para propaganda direcionada e outros fins. 

O Software Livre é um movimento internacional que remonta à década de 1980, e que visa fornecer uma alternativa aos grandes monopólios de tecnologia. Existem softwares livres para as mais diversas finalidades, desde sistemas operacionais completos para computadores e telefones celulares, gestão de organizações, publicação de websites, aplicativos de escritório (documentos, planilhas, etc). Softwares livres são alternativas tecnicamente viáveis aos produtos dos monopólios privados, e que em muitos casos só ficam devendo em termos de capacidade de investimento em marketing.

As principais características dos softwares livres são:

1. O seu código-fonte, ou seja, a "receita de bolo" que determina o seu funcionamento é público e passível de estudo, auditoria por qualquer pessoa com o conhecimento necessário para tal.
2. São em geral desenvolvidos de forma colaborativa por pessoas interessadas, voluntárias ou como representantes de organizações interessadas, através da internet.
3. Permitem que seus usuários, como por exemplo, organizações, sejam de fato donas dos seus sistemas. Se um determinado prestador de serviço encerra suas atividades, ou não fornecer mais serviços de manutenção, o contratante pode tranquilamente contratar outro.

A REDE Sustentabilidade já teve, no passado, sistemas de informação para gestão, mas Infelizmente a contratação não levou em consideração a possibilidade do software livre. A empresa fornecedora era a única capaz de manter o sistema, pelo fato de não ser um software livre. Quando esta empresa encerrou suas atividades, o partido deixou de ter acesso consistente ao sistema pelo qual pagou, e perdemos uma importante ferramenta para gestão das atividades partidárias e para a mobilização dos filiados.

Pelo exposto, acreditamos que a preferência pelo uso e desenvolvimento de Software Livre garante ao partido uma sustentabilidade tecnológica. Os recursos utilizados pelo partido para viabilizar uma plataforma de gestão partidária serão destinados à contratação de serviços no Brasil. O resultado do desenvolvimento será de controle do partido, que terá independência para decidir sobre desenvolvimentos futuros.

3. IMPLEMENTAÇÃO PRÁTICA: COMO O SISTEMA TRANSFORMA NOSSA ORGANIZAÇÃO

A. Estrutura Integrada e Descentralizada

• Gestão Multinível:
• • Nacional: Define estratégias e monitora métricas globais (ex: crescimento de filiações em áreas rurais).
  • Estadual (Bahia): Gerencia campanhas regionais (ex: “Água para Todos no Semiárido”) com orçamento autônomo.
  • Municipal: Executa ações locais (ex: mutirões de filiação em Feira de Santana) com suporte técnico da plataforma.
  • Impacto: Decisões ágeis, transparência entre níveis e fortalecimento da base.

B. Formação Política e Cidadã

• Plataforma EAD da Rede:
• • Cursos Alinhados aos Pilares:
  • • “Economia Solidária” (econômico), “Justiça Climática” (ambiental), “Participação Popular” (político) “Práticas da Gestão Pública” (Profissional).
  • Gamificação:
  • • Pontos por participação convertidos em benefícios (ex: ingresso para o Congresso Nacional).
  • Cenário: Um filiado de Ilhéus sobe no ranking estadual ao mobilizar 20 pessoas para um curso sobre cooperativismo.

C. Soberania Digital e Comunicação Segura

• Infraestrutura Própria:
• • Jitsi Autohospedado: Videoconferências sem risco de vazamentos, crítico para discutir estratégias sensíveis (ex: alianças eleitorais).
  • Exemplo: A executiva estadual da Bahia debate o plano de governo em uma sala virtual criptografada, acessível apenas a filiados validados.

D. Financiamento Ético e Transparente

• Loja Virtual da Rede:
• • Produtos com Identidade: Venda de ecobags com slogans como “Democracia Verde” ou “Sustentabilidade é Revolução”.
  • Rastreamento de Recursos: Cada compra gera um registro público, assegurando compliance com a legislação eleitoral.
  • Impacto: Arrecadação previsível e alinhada aos valores do partido.

4. IMPACTOS ESTRATÉGICOS: A REDE COMO VANGUARDA DA INOVAÇÃO POLÍTICA

• Tomada de Decisão Baseada em Dados:
• • Dashboards em tempo real mostram onde precisamos agir (ex: baixa filiação de jovens no Recôncavo Baiano).
• Fortalecimento da Militância:
• • Filiados tornam-se agentes ativos, não apenas espectadores, graças a ferramentas como o Banco de Talentos.
• Projeção Nacional:
• • A Rede ganha visibilidade como partido que pratica o que prega: transparência, participação e sustentabilidade.

PARTE 2: "O ECOSSISTEMA TECNOLÓGICO DA GESTÃO EM REDE"

(Para desenvolvedores, equipe técnica e filiados com conhecimento em TI)

O Gestão em REDE não é um único software, mas um ecossistema integrado de ferramentas de software livre que, juntas, garantem transparência, segurança e eficiência operacional ao partido. O Odoo é uma peça importante desse sistema, mas não a única. Veja como tudo se conecta:

1. Arquitetura do Ecossistema

2. Como o Odoo se Integra às Outras Ferramentas?

• Exemplo 1: Eventos com Credenciamento Automatizado
• 1. Um evento é criado no módulo de Eventos do Odoo.
  2. Ingressos são “vendidos” via e-commerce do Odoo, com QR Code gerado automaticamente.
  3. No dia do evento, o QR Code é validado por um app customizado (livre) conectado ao Odoo.
  4. A presença é registrada no CRM do Odoo e sincronizada com o módulo EAD para emissão de certificados.
• Exemplo 2: Comunicação Segura e IA
• 1. Uma reunião estratégica é agendada no Calendário do Odoo.
  2. O link da videoconferência é gerado automaticamente no Jitsi Meet (autohospedado).
  3. Um resumo da reunião é transcrito pelo Deepseek e salvo no Nextcloud, com acesso restrito à diretoria.

3. Personalizações-Chave para a Rede Sustentabilidade

• Gestão Multinível com Odoo Filiais
• • Adaptação do módulo "Filiais" do Odoo para refletir a hierarquia Nacional > Estadual > Municipal, com:
  • • Regras de repasse financeiro entre níveis.
    • Dashboards customizados por instância (ex: Bahia só vê dados locais).
• Integração com Legislação Eleitoral
• • Módulo personalizado para gerar prestações de contas no formato do TSE, usando dados do Odoo.
• Portal do Filiado Unificado
• • Front-end integrado que reúne informações do Odoo (eventos, cursos, certificados), Nextcloud (documentos).

4. Automação com IA Open-Source

• Deepseek (Alternativa ao ChatGPT)
• • Atendimento Automatizado: Responde dúvidas via chat no Portal do Filiado, puxando dados do Odoo (ex: "Qual o prazo para renovar minha filiação?").
  • Análise de Engajamento: Identifica filiados inativos com base em participação em eventos (dados do Odoo) e sugere ações personalizadas.
• Hugging Face Transformers
• • Moderação automática de comentários em redes sociais (via Postiz), sinalizando fake news ou discurso de ódio.

5. Segurança e Soberania Digital

• Infraestrutura Autohospedada:
• • Odoo, Jitsi, Nextcloud e Deepseek rodam em servidores próprios da Rede, sem dependência de nuvens comerciais (AWS, Google Cloud).
  • Benefício: Proteção total de dados sensíveis (ex: lista de filiados, estratégias de campanha).
• Criptografia de Ponta a Ponta:
• • Comunicações (Jitsi) e documentos (Nextcloud) usam criptografia AES-256.

6. Como os Desenvolvedores Podem Contribuir?

1. Integrações entre Ferramentas:
2. • Exemplo: Criar um conector entre o Moodle e o Odoo para sincronizar certificados.
3. Customização do Odoo:
4. • Desenvolver temas para o Portal do Filiado com identidade visual da Rede.
5. IA para Análise Política:
6. • Treinar modelos de machine learning (TensorFlow) para prever tendências eleitorais com base em dados do CRM do Odoo.

7. Gestão do sistema

• O código-fonte da plataforma será desenvolvido e mantido de forma transparente e aberta à participação dos interessados, incluindo mas não limitado a filiados da REDE.
• A implantação deste código-fonte nos servidores, bem como o acesso direto aos bancos de dados e aos sistemas operacionais, será exclusiva de um comitê formado por filiados da REDE.

POR QUE ESSE ECOSSISTEMA É REVOLUCIONÁRIO?

• Sem Lock-in: Não dependemos de um único fornecedor. Cada ferramenta pode ser substituída sem afetar o sistema.
• Transparência Radical: Código-fonte aberto permite que qualquer filiado audite o sistema.
• Alinhamento aos Pilares da Sustentabilidade:
• • Ambiental: Redução de papel e energia com processos digitais.
  • Social: Capacitação massiva via cursos EAD.
  • Econômico: Financiamento ético via loja virtual.
  • Político: Decisões baseadas em dados do CRM e participação direta.

CONCLUSÃO TÉCNICA

O Gestão em REDE é um ecossistema vivo, onde o Odoo atua como núcleo operacional, mas outras ferramentas de software livre ampliam seu poder. Essa abordagem garante que a Rede Sustentabilidade não seja refém de tecnologias fechadas e mantenha o controle sobre seus dados e processos.

Próximos Passos:

1. Criar um laboratório de inovação com universidades parceiras para desenvolver integrações avançadas.
2. Treinar filiados em tecnologias de software livre para formar uma rede de colaboradores técnicos.

A tecnologia aberta do Gestão em REDE nos permitirá, finalmente, ser o partido do século XXI: democrático, ágil e conectado com as lutas do povo.

Pela aprovação desta tese, rumo a uma Rede Sustentabilidade cada vez mais forte e inovadora!

Elaborado coletivamente por filiados(as) da Rede Sustentabilidade – Bahia. Contato: falecom@aulusteixeira.com